10 de junho de 2010

AMORES TRAIÇOEIROS...


Se "a televisão é a máquina de fazer doidos" como definiu o memorável Stanislaw Ponte Preta, a internet o que é? Esta pergunta é inevitável diante do crime brutal que aconteceu  semana passada(04/06), no Rio Grande do Sul, na cidade de Torres.
Ninguém consegue entender os motivos pelo qual a médica paulista Glaucianne Hara, mesmo morando em São Paulo, saiu de sua cidade  pra ir de encontro à morte (a facadas), em Torres(RS), pelas mãos de um simples marceneiro, seu grande amor e amante há 3 anos (!)
ELEMENTAR!?
Talvez nem seja preciso a ajuda de qualquer especialista , seja ele psicólogo ou não, para entender tal situação : O AMOR passional pode MATAR, pode ferir e humilhar !!!
Bem melhor traduz em palavras o nosso amigo bloguista carioca, como reproduzo aqui, a seguir,  o que resume de maneira mais objetiva, os ditames desse "torto" e malfadado amor vitual / real que acabou de forma hostil ; embora tenha começado com requintes de Contos de Fadas :
A MÉDICA e o MARCENEIRO
Na Rede todos somos perfeitos... Ou, tentamos...
Nunca somos barrigudos ... Carecas...Feios...Chatos...Assassinos...Larápios...Ignorantes... 171... Hipócritas...Imbecis...
Nossas fotos estampam nossos melhores ângulos...
Quando a inspiração desaparece, reeditamos filosofia alheia...
Quando encontramos algo melhor que nós, debochamos...
Quando nos apaixonamos por uma fotografia, postamos mensagens sutis ou declarações depravadas...
Nossas profissões e posição social são aquilo que perseguimos sem alcançar...
Não importa...
Somos o Superman...
O Homem Aranha... A MULHER MARAVILHA !
O Brad Pitt maquiado... O Tom Cruiser repaginado...
O galã bombado... Ninguém é Chapolin Colorado... Não temos mau-hálito... Chulé... Inhaca... Unha encravada... Cascão no pé... Cabelo na narina...
Somos assépticamente perfumados...
Quando temos dificuldades com o vernáculo dissimulamos em internetês com direito a todas barbaridades...
Não somos pobres... Fudidos.. Com contas atrasadas... Nem cornos... Velhos... Brochas...Covardes... Perdedores ... 
Somos glamourosos...
Nossos sentimentos, os mais nobres... Defensores de baleias e cachorros abandonados...
Acolhemos humildes desdentados... Somos solidários com os excluídos e oprimidos..
Nos escudamos atrás do anonimato ou nomes fictícios para não sermos abraçados pela Lei...

Praticamos o voyerismo impune circulando por endereços de outros mentirosos...
Acreditando que as 365 máscaras que utilizamos durante todo ano jamais cairão...
Jamais...
 (AUTORIA de Jorge Schweitzer)
A pergunta que não quer calar é: Como personagens culturalmente tão diferentes e ao mesmo tempo  vivendo quilometricamente tão distantes um do outro, vieram a cruzar seus destinos e terminar um "pretenso amor " de forma tão trágica , radical e hostil ?
Fácil responder: o romance deles como os de milhares de outras pessoas que se iludem com aparências, começara pela internet; uma "fábrica de ilusões" de seres perfeitos e solitários nos dias atuais, e também uma "arapuca" pra pessoas incautas ou descrentes do contato olho-no-olho mas totalmente crentes em acasos que unem almas gêmeas de maneira cibernética (?) 
E como na maioria das vezes,  o que começa de maneira pouco ortodoxa , convencional, terminou mais esse romance,  fadado ao fracasso! devido à mentiras de um e ameaças de outro...
Culminou em   tragédia não-grega, mas anunciada .
Pode isso ser considerado um crime PASSIONAL? difícil dizer! mas os requintes foram os mesmos...
Nesse ponto crucial o destino parece repetir a trama do "romance" (fantasioso) que o ator Guilherme da Pádua teria vivido com a atriz Daniela Perez, filha da escritora de novelas da TV, Globo Glória Perez.
Na hora em que Paula Thomaz descobre a infidelidade do marido, Pádua decide abandonar a "pretensa" amante (pela alegaçãodele) e junto com a mulher Paula (conforme o seu julgamento pessoal), decidem ambos, sequestrar e matar Daniela Perez como forma de acabarem com o "problema".
No caso de Torres, a situação é muito semelhante. Três anos de romance, não são três dias!
Até agora ninguém sabe se o marceneiro agiu de seu próprio pensar ou se foi motivado por outra razão .
Mas a partir do momento em que sua mulher descobriu a infidelidade conjugal, a exemplo de Pádua, o marceneiro decidiu ficar ao lado dela, da esposa traída; pondo-se contrário à amante. Daí as coisas partiram para um crime passional(?) com requintes de premeditação. Mas fica a pergunta: até onde pode se matar por amor, ou em nome dele? Matar é motivo pra solucionar um problema,  que começou a se delinear com uma mentira inocente de um lado, e que culminou com a fúria de uma "amante" abandonada de outro?
Creio que não...
A Justiça punirá o culpado do homicídio duplamente qualificado. O assassino frio e calculista, o Don Juan "sem coração" que mata em nome da honra e segurança da família que fora pseudo ameaçada.  
Mas  ficamos nós, mero expectadores, sem saber até a presente data, quem era a verdadeira "vítima" e o verdadeiro "algoz" . Pela mídia, a ótica poderia ser invertida: ELA (algoz) ELE (vítima)?
Quem acompanhou o caso, sabe da versão dúbia dos fatos e dessa possibilidade remota .

Enquanto alguém não achar uma definição semelhante para a internet, à altura do conceito emitido por Ponte Preta (sobre a televisão), vamos continuar convivendo com mais essa máquina de fazer sonhoscamuflar psicopatas; onde muita gente mais observadora já se deu conta que a INTERNET tem o poder paradoxal de afastar quem está perto e aproximar quem está longe. E ainda por assim dizer, escrever histórias com finais trágicos que se travestem de fantasias amorosas e passionais "à priori ".
O que ninguém lembra de dizer que tudo tem uma causalidade e efeito. Essa história não teria fins trágicos se houvesse dirimentes de conflitos psicológicos desde o ínicio. O que começou errado, com uma inocente mentira, culminou com a morte de uma mulher que teve seus sonhos desfeitos por um homem egoísta e mentiroso. Uma mentira inocente(?) travestida de verdade(!)
E o que dizer da esposa traída? mais uma vítima desse "imblóglio amoroso ".

Mulheres são passionais. Homens são racionais(?), mas egoístas: Se posso ter duas, por que me contentar com uma? 
Mulheres surtam quando desprezadas. Homens matam quando resolvem cortar o mal pela raiz.
Dessa triste história real tiramos a tão presente e famigerada lição: de perto ninguém é perfeito ou normal.
E ainda, que amores podem ser traiçoeiros! Ainda mais os que começaram através da tela de um computador, através de mentira ou ilusão: Nessa hora a fantasia acaba, o pesadelo começa ...