9 de novembro de 2009

MATANDO O AMOR



"O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho."
                                                   (ANAIS NIN)




O amor não "morre" nunca de forma natural ... Ele é assassinado por nós !

Ele "Morre" porque o matamos aos poucos ou o deixamos que morra por conta própria: Nós mesmos temos a "arma" pra liquidá-lo! A "munição" é nosso egoísmo, o ciúme , a desconfiança,  a insegurança: Isso tudo gerado por nosso desequilíbrio emocional .

Mas o amor também morre "envenenado" pela angústia, pela dúvida, pela incerteza!
Morre "enforcado" pela decepção , morre "esfaqueado" pelas costas com a traição, morre "eletrocutado" pela sinceridade em hora errada, morre "atropelado" pela grosseria gratuita, morre "sufocado" pelo abandono constante ...
Morre "degolado" pela partida repentina ...
Morre de formas patéticas: Sem obituários escritos em nossas vidas ou missas de sétimo dia pra homenagear os "falecidos" que não necessitam  de "IN MEMORIAN".
Mortes que às vezes também nos sangram! Mas não nos deixam de "ossos" quebrados, apesar do coração destroçado e do corpo em frangalhos.
O amor jamais morre de velhice! Mas morre num beijo dando sem sentimentos, morre numa indiferença constante, nos "por quês" sem respostas ...
Morre quando decidimos que está morto ou quando facilitamos a sua morte: com brigas, com estremecimentos, desconfianças, amarguras, vinganças baratas e incertezas perenes.


O amor não deveria morrer : Pois ele nunca deve ter fim!
Só que nós criamos o seu fim, a sua partida, a sua despedida, por não suportar a duração dele em nossas vidas, quando ele deixa a desejar! Por invejar que ele seja maior que a nossa própria existência, que a nossa própria razão!
O fim do amor não é suicida! O amor é sempre aniquilado de forma homicida.  A boca é a "arma" letal de qualquer amor incompleto...
A "munição" é a palavra tensa, a atitude errada, a cobrança gratuita ... A nossa omissão!

Já repassei na memória alguns relacionamentos: Muitas vezes permiti que o amor morresse.
Ele se "afogava" num mar de sentimentos contraditórios e eu não tinha sequer o impulso de ir salvá-lo!
Eu via que ele podia "escorregar" escada abaixo do meu ciúme, e não dei a devida proteção embaixo de seus pés: Pra que somente "ameaçasse" a queda ou escorregão. Vi ele "rolar" e não o socorri mesmo assim!
Nunca "alertei" o amor no seus primeiros sinais de fraqueza; que ele poderia "desabar" : Perder a força em suas pernas e cair inerte ...
Aceitei que "desmoronasse" e não o "reergui" de suas ruínas. Fui orgulhosa sim! Mas, não me arrependo... Alguns desses amores "assassinados" mereciam a morte cruel que tiveram.
Meu orgulho não salvou ninguém: Porque orgulho não salva... Ele "coleciona" mortos ou feridos!
Eu deveria ser processada por omissão de socorro! Ou por ser "homicida" de amores ...


Talvez eu tenha "matado" alguns de meus amores! Será que sou uma "Serial Killer" de paixões?
Perigosa, silenciosa, ardilosa, fria, numa aparência de anjo de cabelos dourados? ...
Mas também já fiz de dores, alegrias!
Onde não restava esperança ou havia descrença na felicidade, no coração de alguns; eu o enchi de anseios, desejos que não podem ser descritos aqui ...
Talvez  eu ainda continue "matando" amores incompletos, confesso! Ainda mantenho alguns rituais ...
Matei cada "assassina de amores" que fui um dia, dentro de mim ! Já escondi esse corpo que seduz e mata, várias vezes dentro de mim ...
Desfaço pistas, troco a "roupagem" sedutora, cada vez que me desfaço de um amor.
Queimo essa metade nociva que fui!
Recomeço sempre com a certeza que haverá outras em mim que seduzirão como a "primeira" ... mas, sendo essa, mais suave e menos letal ao amor .
Sou mais de uma e uma de cada ... Sabendo que sou amada!

Mato também aquele amor que conheceu meu contraponto: O lado "escuro" em mim,  que me deixa envergonhada.
Mato o amor que não me permite mudar de personalidade, na hora quente: Preciso conviver com essa personalidade inacabada e falha minha: É ELA quem incendeia minha alma, meu corpo e o corpo de quem queima comigo nesse amor,  na "horizontal" e  na"vertical !"
Mato o amor que não me converte elogios, aquele que não me valoriza: O que me "joga" críticas por temer a verdade que sou e ter a covardia de não me aceitar como sou! Em  não querer me acompanhar nas aventuras, medo de ser feliz ...  Por não aceitarem a mulher "quente" e enebriante, que existe em mim: Cheia de volúpia e desejos.

O amor pode ser perigoso pra quem não resolveu suas crises existenciais ...
O amor delata, incomoda, ofende às vezes, fala e faz coisas extraordinárias! Dá tesão com a boca "suja" de palavras! Seduz sem tocar ...
É a "refeição" na cozinha, no quarto, no banheiro, no tapete da sala, no elevador, na garagem ...
É o "aquecedor" nas noites frias de inverno. É a "ceia" na hora da "fome de amar" com o corpo, somente.
Ele faz "faxina" da dor quando chega, deixa a "sujeira" da tristeza quando o matamos!
O amor abre "portas"... Mas não fecha nenhuma delas quando se vai , porque sai sorrateiro.


Apesar de tudo que fazemos pra salvá-lo, ele sempre é  vítima de "assassinato"...
Confiamos nossos sentimentos sempre à outra pessoa: Ela acaba virando a "vítima" e às vezes, "algoz" do nosso amor ...
Que "mata" o amor, não sente que matou! Pensa apenas que o "feriu"...
Mas quem fere, às vezes esquece que algumas feridas podem ser fatais ...


(Esse post é em homenagem a alguém que adoro: Ele conhece meu "contraponto", a  Mi ! rs.)
 Esse post foi baseado em uma das crônicas de Fabrício Carpinejar.

Conheçam um pouco desse poeta, cronista e escritor, através desse vídeo que gosto muito! É uma crônica bem interessante : A visão do amor sob uma ótica ácida e nada romântica ... mas verdadeira! 
Aliás, romantismo sem conteúdo lógico e inteligente de quem quer seduzir, está fora de moda! É "cópia barata" de quem quer impressionar.
Abaixo as letras de música românticas! Viva os poetas insanos, suas metáforas pertubadoras e totalmente sem premissas! Viva a minha, a nossa eloqüência ! ... rs ...
Morra de inveja quem não a tem!  (N.A)