3 de julho de 2009

EU... POR OSCAR WILDE


LOUCOS E SANTOS
Escolho meus amigos


não pela pele ou outro arquétipo qualquer,


mas pela pupila.


Tem que ter brilho questionador


e tonalidade inquietante.


A mim não interessam os bons de espírito


nem os maus de hábitos.


Fico com aqueles


que fazem de mim louca e santa.


Deles não quero resposta,


quero meu avesso.


Que me tragam dúvidas e angústia


e aguentem o que há de pior em mim.


Para isso, só sendo loucos.


Quero os santos para que não duvidem das diferenças


e peçam perdão pelas injustiças.



                                              Escolho meus amigos pela alma lavada





                                                                  e pela cara exposta.



                                                         Não quero só o ombro e o colo,



                                                      quero também sua maior alegria.



                                                              Amigo que não ri junto,



                                                                não sabe sofrer junto!

  Meus amigos são todos assim:

 metade bobeira, metade seriedade.



Não quero risos previsíveis,


nem choros piedosos.


Quero amigos sérios,


daqueles que fazem da realidade


sua fonte de aprendizagem,


mas lutam para que a fantasia não desapareça.

        Não quero amigos adultos,

nem chatos.


Quero-os metade infância


e outra metade velhice!


Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;


e velhos, para que nunca tenham pressa.


TENHO AMIGOS PARA SABER QUEM EU SOU.

                                                     Pois os vendo loucos e santos,


bobos e sérios,


crianças e velhos,


nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

(Oscar Wilde)